ubalab

Plataformas de colaboração: culturas digital e tradicional

Enviado por efeefe, ter, 12/02/2014 - 22:02

Raquel Rennó publicou um artigo sobre hackerspaces e afins na revista de cultura do Instituto Goethe. Uma das experiências retratadas foi o Ubalab:

O UbaLab é um projeto coordenado por Felipe Fonseca, que se localiza em Ubatuba, litoral norte do estado de São Paulo. Fonseca esteve envolvido em movimentos ativistas da inclusão digital (via projetos educativos com software livre e reciclagem tecnológica) desde o fim dos anos 1990, principalmente por meio do coletivo Metareciclagem. Ele desenvolve com colaboradores propostas de experimentações em cultura digital combinadas com necessidades do contexto da cidade, desde o monitoramento da qualidade da água, formação tecnológica, uso do espaço público, até questões que tocam grupos em situação de fragilidade econômica e social como os quilombolas, que constantemente sofrem com pressões da especulação da economia do turismo na área. Ao mesmo tempo Fonseca propôs a plataforma RedeLabs, onde, juntamente com Luciana Fleischman e outros, vem pesquisando práticas de cultura digital experimental no Brasil.

O artigo completo está aqui. E tem uma versão em alemão também.

Consulta sobre o IFSP Ubatuba - Meu voto... talvez.

Enviado por efeefe, sex, 08/15/2014 - 18:13

A partir da segunda-feira 18/08, estará aberta a consulta online para decidir qual o primeiro curso a ser oferecido pelo Instituto Técnico Federal de Ubatuba, que deve iniciar suas atividades no segundo semestre de 2015. Quero compartilhar aqui uma reflexão sobre o tema.

Na audiência ocorrida no mês passado na qual o debate se iniciou, eu tive a oportunidade de expor a opinião de que Ubatuba deveria oferecer cursos públicos em áreas ligadas à chamada "economia criativa", apesar de eu ter minhas já muitas vezes explicitadas críticas à maneira como este campo costuma ser pensado. Não é que a economia criativa seja uma fórmula mágica para Ubatuba, mas a outra alternativa (uma visão tradicional de mercado de serviços em empresas de perfil mais tradicional) me parece muito pior. Parto do princípio de que um ensino técnico voltado ao preenchimento de vagas só contribui para a usual evasão de talentos de Ubatuba: formados sob um modelo segundo o qual o sucesso deve ser medido pelo crescimento dentro do caminho corporativo, jovens talentos logo "batem no teto" e não veem horizonte para crescimento, e acabam deixando a cidade para nunca voltar. Também externei minha percepção de que, já contando com cursos técnicos de administração, contabilidade, informática, nutrição, turismo e meio ambiente, a cidade tem uma demanda reprimida por profissionais de comunicação com uma formação contemporânea.

Minha opinião foi democraticamente vencida durante a audiência. Também minotirários na audiência pública foram os participantes que levantaram a demanda de cursos de design, e de sustentabilidade ou ciências biológicas. Ao fim da noite, decidiu-se que o eixo tecnológico central do IFSP de Ubatuba será "gestão e negócios". Uma resposta de pouca imaginação, na minha humilde opinião. Mesmo assim, considero importante pensar a maneira como os cursos serão montados e oferecidos. Ubatuba tem características únicas. Em especial na minha opinião, a diversidade cultural, o interesse da sociedade em participar de processos de consulta e deliberação, um número considerável de experiências de base comunitária de êxito e, obviamente, o legado ambiental.

Levando tudo isso em conta, a partir da listagem de cursos que podem ser ofertados, eu escolheria como primeira opção o "técnico em cooperativismo", que me parece importante para auxiliar uma série de iniciativas importantes de Ubatuba que podem tornar-se referência. Minha única dúvida é se seria possível mobilizar gente suficiente para entender a fundo e fazer esta escolha dentre as possíveis.

Uma segunda alternativa seria escolher o "técnico em marketing", desde que se pudesse interpretá-lo de uma maneira mais aberta - pensar marketing como ferramenta de atuação em mercados sustentáveis, transicionais e de base comunitária. E de quebra formar pessoas aptas a enfrentar a incomunicabilidade crônica das instituições públicas, empresas privadas e organizações do terceiro setor em nossa cidade.

No fim, ainda indeciso. A consulta online abre na segunda-feira, e fica no ar por um mês. Há tempo para pensar, e conversar a respeito.

Novos ventos

Enviado por efeefe, sab, 08/09/2014 - 22:00

Ubalab preparando a criação de um espaço de co-working junto à Gaivota FM, no centro de Ubatuba. Começando devagar, mas mil ideias na cabeça.

Interessadxs, entrem em contato.

Ensaio Tropixel #1 - Relato

Enviado por efeefe, sab, 04/26/2014 - 22:01

Durante as preparações do Festival Tropixel, no ano passado, surgiu o tema da qualidade da água nos rios de Ubatuba. Em particular falava-se sobre o rio Acaraú, que vem lá da Sesmaria já perto da serra, passa ao lado da Estufa II - onde está localizada uma estação da SABESP -, e em seguida também recebe as águas que vêm do córrego da Praia Grande, para enfim atravessar a Rio Santos, cortar o bairro do Itaguá e desaguar no mar. Por conta do próprio trajeto do rio, grande parte das conversas sobre a poluição de suas águas - e em consequência do mar no Itaguá - está carregada de preconceitos e desconfianças. Um dos objetivos do Ensaio Tropixel era experimentar com possibilidades de gerar dados concretos que possam ajudar nessas conversas.

Rio Acaraú - Foz

Durante o Tropixel em outubro, a pedido de representantes do Itaguá Azul - organização que sugere que o Acaraú é um dos maiores responsáveis pela poluição da baía no centro de Ubatuba -, organizamos uma reunião com alguns dos pesquisadores e artistas presentes ao Festival. Estavam na reunião os finlandeses Tapio Mäkelä e Mikko Lipiäinen, Karla Brunet e Javier Cruz do Ecoarte na UFBA e Guima-san do Gypsyware. Durante a reunião, me recordo de ter escutado do pessoal do Itaguá Azul a frase "nós queremos ter acesso a essa tecnologia". A tal tecnologia era a possibilidade de monitorar de maneira continuada a qualidade de água do rio. Escutamos que o problema das análises usuais é que elas são episódicas, o que insere variáveis demais no cenário. Os convidados do Tropixel trouxeram várias perspectivas para a questão, falando sobre sensores digitais de baixo custo, credibilidade de soluções alternativas e possibilidades de mobilização a partir de dados levantados. Mesmo sem planos definitivos de sequência do Tropixel - à época estávamos pensando em uma segunda edição do Festival já no primeiro semestre de 2014, mas ninguém tinha disponibilidade de tempo para fazer isso acontecer -, ainda assim decidimos que faríamos alguma coisa no mês de abril.

Na sequência do Festival, eu também estava conversando com o pessoal do Labmovel (na verdade era uma conversa mais antiga, que começou em 2012 durante o Circuito Artemov no Rio de Janeiro, ou bem antes). Eles estavam planejando as ações para este ano, e acabamos por entrar em acordo a respeito de um evento em Ubatuba. Acabamos aproximando as duas iniciativas no que veio a ser a primeira edição do Ensaio Tropixel. Concentraríamos nosso foco nas possibilidades de monitoramento de qualidade de água, e os testes do piloto seriam no rio Acaraú. O Labmovel ofereceria uma oficina - com o artista Fernando Velázquez - utilizando celulares e drones para fazer filmagens aéreas e mapeamentos, e o Ubalab convidaria Guima-san para trabalhar com sensores junto à realização da oficina. Tive algumas conversas com integrantes do Itaguá Azul, que ofereceram mais dados e confirmaram o interesse no evento.

A questão dos sensores é relativamente complexa: não existe um sensor específico que detecte "poluição" na água. Em geral, utilizam-se diversos indicadores. Podem ser levadas em conta medidas como PH, oxigênio dissolvido, temperatura, composição química do fundo do rio, aparência e cheiro da água, entre outros. Mas como estávamos trabalhando em um período curto, e em um primeiro protótipo que futuramente pode evoluir para uma solução mais completa, decidimos nos concentrar no oxigênio dissolvido. Adquirimos, por intermédio de uma conhecida do Leandro Ramalho, um kit de medição para conectar a uma placa arduino.

Oficina com Guima-San

A programação do Ensaio Tropixel começou no meio da semana, com uma oficina de hardware livre e sensores que Guima-san ofereceu aos meus alunos do primeiro ano no curso técnico de informática da Escola Tancredo Neves. Mostrou algumas possibilidades com arduinos, sensores, ativadores e afins. No dia seguinte, reunimos um grupo de pessoas interessadas em tecnologia na cidade de Ubatuba no Espaço Tec da Biblioteca Municipal para fazer os primeiros testes com o sensor de oxigênio dissolvido. O kit que estávamos usando traz junto um líquido de calibragem. Após ligar o sensor, utiliza-se o líquido para zerar a leitura. Depois, cada leitura demora cerca de dois minutos para estabilizar-se. Ao fim da noite, já havíamos conseguido obter algumas medições. Guima e Leandro chegaram até a desenvolver um script em python para obter as medições utilizando um velho tablet que tenho aqui, mas no dia seguinte acabamos deixando essa solução de lado por motivos de confiabilidade no hardware.

Sensor de OD

Hacklab no Espaço TEC

No fim de semana, Labmovel já estava pela área. Encontramos os participantes da oficina no Tancredo para contextualizar e demonstrar algumas aplicações de informação georreferenciada. Dos 27 inscritos, apareceram menos de 10 - mas isso faz parte de um sábado de sol em Ubatuba, eu suponho. Havia principalmente estudantes da Etec - Centro Paula Souza, e do Tancredo. Senti falta em especial de mais integrantes de organizações interessadas nas condições do Acaraú que pudessem nos ajudar a acessar os pontos críticos para avaliação da qualidade da água - como aqueles antes e depois da estação da SABESP. Sem esse conhecimento de campo, acabamos focando somente em outros três pontos: na confluência do córrego da Praia Grande com o Acaraú (onde o rio passa por debaixo da Rio-Santos); na rua Basílio Cavalheiro e no ponto onde ele deságua no mar. Estávamos conscientes de que uma medição pontual não significa nada, mas estávamos tratando aquilo como um protótipo que deve ser ampliado futuramente. Guima chegou a estudar a possibilidade de fazer sensores com material reciclado ou de baixo custo, mas isso vai ficar para um segundo momento. Da mesma forma, a ideia de fazer diversos sensores interconectados em rede, alimentando um sistema online, precisaria de mais tempo e investimento para ser implementada a contento.

Introdução à Oficina no Tancredo Neves

Coletando amostrasDe todo modo, saímos para fazer as medições com um grupo animado. Alguns ajudavam a coletar amostras da água, o que exige delicadeza. Qualquer agitação na amostra já pode modificar os níveis de oxigenação. Outros ajudavam a preparar o contexto, encontrar pontos de interesse, ou então acompanhavam os voos do drone Phantom 2 comandado por Fernando Velázquez. Duas alunas carregavam celulares com GPS registrando o trajeto e fazendo imagens já georreferenciadas ao longo do caminho. Ao fim da tarde, já tínhamos um quadro que confirmava o que esperávamos. No trecho perto da Rio-Santos, os níveis de oxigenação da água do Acaraú são horrendos. Dali para a frente, a água melhora um pouco até saír para a baía - ainda poluída, mas já razoavelmente melhor. Infelizmente, não fizemos as medições acima da estrada - onde elas seriam ainda mais necessárias. Mas como prova de conceito já funcionou muito bem. Foram geradas também algumas imagens aéreas interessantes para contribuir com o mapeamento do rio.

Fernando Velazquez - Imagens Aereas Ensaio Tropixel 1

Na manhã do domingo, o Labmovel instalou-se no terminal marítimo no canto direito do Itaguá para demonstrar resultados da oficina. Fernando Velazquez exibiu algumas imagens aéreas captadas na tarde anterior. Guima contou sobre os testes com sensores e alguns conceitos por trás. Eu demonstrei o mapa que montei na plataforma Mapas Coletivos com imagens e trilhas registradas. O secretário do Meio Ambiente de Ubatuba, Juan Prada, estava presente e contou mais sobre o rio Acaraú e outros rios da cidade.

Apresentação final

Como primeira experiência de evento menor e mais focado, o Ensaio Tropixel foi bastante interessante. Ajudou a conscientizar algumas pessoas a respeito de condições físicas do rio - incluindo seu traçado, e implicações do desenvolvimento urbano sobre ele. Mas fundamentalmente permitiu um pouco mais de aprofundamento do que um festival no qual diversos assuntos competem uns com os outros. Para mim particularmente foi uma oportunidade de aprender sobre alguns temas técnicos. Mais ainda, aprendi sobre diferentes camadas da composição não somente do rio como também de seu entorno ambiental, institucional e de imagem. Certamente, as próximas edições do Ensaio Tropixel já serão influenciadas por estas descobertas.

 

Veja também a documentação gerada pelo primeiro Ensaio Tropixel:

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O Ensaio Tropixel #1 foi uma parceria entre Ubalab e Labmovel, e contou com o apoio da Escola Municipal Tancredo Neves, Prefeitura de Ubatuba e Ecotrip Hostel. Labmovel esteve em Ubatuba com apoio da Secretaria Estadual de Cultura, dentro do Programa de Ação Cultural 2013.

Ensaio Tropixel

Enviado por efeefe, ter, 03/11/2014 - 22:43

Com o objetivo de continuar e aprofundar as colaborações que surgiram a partir da realização do festival Tropixel em outubro passado, estamos elaborando uma programação mais focada e em pequena escala. São os Ensaios Tropixel, dedicados a desenvolver ideias e concretizá-las. A primeira edição acontece no fim de semana de 5 e 6 de abril, aqui em Ubatuba, e será realizada em parceria com o Labmovel. Saiba mais sobre o Ensaio Tropixel #1 e participe!

http://tropixel.ubalab.org/ensaio/abril14
 

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